quarta-feira, 23 de abril de 2008

A Visita


Deixo aqui registrada uma humilde homenagem ao Pai de Cabeça de minha afilhada...

Sinto mto por não me fazer presente nos dias de sua feitura minha linda...

Mas sei... que meus guias estavam por perto... e eu em minhas orações e no meu dia a dia sempre lembro de vc minha bela...


Lá vai o velho caminhado pela estrada. É noite quando chega à cidade. Poucos notam sua presença. A cidade tem pressa, o trânsito está insuportável. Pessoas preparam-se para chegar em casa, outras para ir à escola. Muitos cansados e desiludidos enfrentam horas de fila na vã esperança de obter uma colocação no mercado de trabalho.
Ele observa as pessoas, tem pena daquele que já não carregam a esperança dentro de si.
Vagarosamente caminha em direção ao bairro nobre da cidade. Lá chegando abordam abastado senhor. Pede-lhe um prato de comida. Como resposta recebe um monte de impropérios. É escorraçado dali, pois a segurança é acionada. Entristecido,dirige-se à periferia. Avista uma casinha de alvenaria, é atendido por uma senhora jovem, em cujo rosto percebe as marcas da tristeza. Pede-lhe comida.
A moça argumenta que todos ali estão passando por dificuldades. O marido está na cama sofrendo grave enfermidade. Ela está desempregada, assim como os dois filhos mais velhos, o pequenino já não vai à escola, pois o dinheiro para a compra de material foi usado com remédios para o esposo.
O velho ouve o relato emocionado. Prepara-se para ir embora, mas ela o surpreende convidando-o a entrar. Diz: “onde comem cinco, comem seis”.
Sobre a mesa arroz, feijão e ovos fritos. Tudo o que podem fazer. Todos se sentam à mesa, menos o esposo que permanece no quarto gemendo de dor.
Antes de iniciarem o jantar, ela convida a todos para rezarem, pedindo a Oxaláque abençoe aquele alimento e as pessoas que moram na casa, e também pede saúde ao amado esposo. Faz mais do que isso, durante a prece, ela pede a Zambi que guie os passos do visitante, sinceramente comovida com a sorte de um velho solitário e errante.
O velho sorri para ela emocionado e agradecido. Ela explica que é Umbandista, frequenta um terreiro ali mesmo no bairro. Está na gira há pouco tempo, mas amaprofundamente os Orixás e Guias, pois foi com eles aprendeu a ter paciência efé, nunca se desesperar, e a estar sempre pronta para prestar à caridade. Assim ela foi com prazer e alegria.
É verdade que a família passa por dificuldade, mas, isso não os torna rancorosos ou revoltados. Assim que eles terminaram o jantar, o velho agradece hospitalidade e deseja boa sorte a todos da casa. Lá fora a noite já chegou.
Se dependesse da família, ele dormiria ali, porém a casa é tão pequena que isso seria quase impossível. Ainda assim, ofereceram para ele o sofá da sala.
Ele agradece e acalma a todos dizendo que realmente deve partir. Antes pede para ver o marido que está no quarto gemendo de dor.
Ato contínuo adentra no quarto. Nesse momento algo de muito estranho acontece:uma enorme luminosidade toma conta do dormitório. O doente que até então gemia grita emocionado. A esposa e os filhos estavam na cozinha correm assustados.
Encontram o homem sentado na cama chorando emocionado. Nem sinal do velho.Após o choro a revelação.
Quando o velho entrou no quarto suas roupas se transformaram numa roupa de palha e forte luz saiu dele, envolvendo o doente que imediatamente se curou.
Agora aquela família toda chorava. Lá fora na estrada, Obaluaiê sorria feliz e seguia sua caminhada.
ATOTÔ!!!!

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